Artigo escrito por Tânia Nogueira | Consultora Organizacional*
Nesta última semana presenciamos uma avalanche de informações, lives na Internet, recomendações de especialistas e amplo conteúdo sobre como lidar com crises. Também, acompanhamos nossos governantes correndo contra o tempo e tentando tomar as melhores decisões num ambiente cheio de incerteza, riscos e extrema pressão.
Não sabemos quando vamos “voltar à normalidade”. Temos o exemplo da China que vem retomando o convívio social depois de dois ou três meses, e será interessante acompanhar as notícias nas próximas semanas. Até este momento chegar no Brasil, o que cada um pode fazer por sua empresa?
Minha intenção aqui é ajudar você a definir prioridades, ou pelo menos enxergar uma síntese das principais recomendações que têm sido apresentadas por consultorias, especialistas e empresários. Num cenário de incerteza como o que estamos vivendo, as principais medidas a serem tomadas são:
1. Ligue o “modo sobrevivência”: Está claro que a prioridade neste momento é o caixa da empresa. Independentemente de quanto tempo esta crise durar, o essencial hoje é garantir a sobrevivência do negócio. O modo sobrevivência pressupõe agilidade e coragem para tomar decisões importantes.
2. Tenha um plano: trace cenários de 30, 60 e 90 dias e busque soluções para estes períodos de tempo. Peça ajuda da sua equipe, em especial sua equipe financeira. Quanto dinheiro você tem em caixa? Vai precisar de quanto? De onde vai tirar? Estas perguntas precisam ser respondidas! Compartilhe algumas diretrizes com a empresa.
3. Mantenha-se informado: é importante estar a par dos principais fatos e acompanhar junto com seu contador as medidas que o governo está tomando. Estas informações estão mudando diariamente, por isso não deixe de acompanhar.
4. Tome decisões rápidas com base em fatos e dados: Algumas métricas que você deve acompanhar neste momento, bem como possíveis medidas, são:
a) Salário de funcionários: Faça um levantamento da sua folha de pagamento e encontre soluções para pagar seus funcionários.
b)Contas a pagar: Faça um mapeamento dos seus principais fornecedores, vencimentos e seja proativo em renegociar prazo, desconto ou pagamento parcial da fatura. Faça isto rapidamente para evitar surpresas.
c) Contas a receber: ofereça incentivos, vouchers e benefícios futuros para quem honrar com os pagamentos. Para empresas que oferecem produtos ou serviços recorrentes, você pode oferecer um incentivo futuro para quem pagar a mensalidade em dia.
d) Valor de recebíveis a antecipar: quando comparada ao cheque especial, certamente é mais vantajosa. Se sua empresa tiver recebimentos para antecipar, pode ser uma alternativa.
e) Impostos: O governo está constantemente divulgando novas medidas relacionadas a impostos e isto pode beneficiar diretamente o seu negócio. Além de acompanhar as
notícias, avalie se o valor do imposto cabe no seu bolso nos próximos meses. Converse com seu contador para avaliar a possibilidade de prorrogar o pagamento mesmo pagando juros e multa.
f) Empréstimos e financiamentos: informe-se sobre os bancos públicos e privados estão oferecendo e tenha cuidado para não cair em “pegadinhas”. Neste momento, é importante fazer o cálculo de valor da parcela que cabe no seu orçamento. Eventualmente pode ser melhor ceder no valor da taxa para obter a parcela desejada.
g) Estoque: você dificilmente vai conseguir escoar seu estoque no ritmo de antes porque o consumo caiu drasticamente, mas você pode elaborar campanhas de vendas específicas para este período. Alguns exemplos são frete grátis e descontos agressivos em produtos com estoque elevado e giro baixo.
h) Vendas: seja proativo neste momento e tente entender o que o seu cliente está mais precisando. Pode ser, por exemplo, que você tenha que fazer alguma adaptação no serviço que oferece para estar mais próximo de seu cliente. Lembre-se de que o seu cliente está passando pelos mesmos desafios que você. Não se martirize se não atingir sua meta de venda, mas tenha certeza de que está fazendo o que está em seu controle.
i) Margem: sabe aquela decisão que você estava postergando sobre um produto que não é rentável, ou uma unidade de negócio que não está decolando? Está na hora de pensar sobre isso e tomar decisões. Postergue para um segundo momento qualquer gasto que não gere margem para a empresa.
j) Despesas e investimentos: é hora de cortar despesas desnecessárias, colocar projetos em stand by, cortar ou postergar qualquer gasto adicional que não esteja relacionado à garantia de sobrevivência da empresa no curto prazo.
Não estávamos esperando este cenário. Nada disto foi programado nos nossos orçamentos e certamente não sabemos uma data limite para tudo voltar à “normalidade”. Também não sabemos exatamente como vamos sair do outro lado, mas queremos todos sair mais fortes. Por isso é tão importante que o empresário tome todas as medidas que estão em seu controle neste momento, e minimize o impacto das forças que ele não pode controlar.
*Tania Nogueira é Diretora na GrowIn, especialista em consultoria organizacional voltada para área financeira.